Vinhedos sofisticam residenciais no país
em Valor Econômico / Imóveis de Valor, 25/julho
Condomínios com vinícolas conquistam o mercado imobiliário, aliando alto padrão e enogastronomia. Os projetos estão nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste.
A paixão dos brasileiros pelo vinho tem aumentado não apenas o consumo da bebida no país, mas também movimentado o mercado imobiliário nacional. De acordo com a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), foram 3,1 milhões de hectolitros (cada um equivale a cem litros) ingeridos em 2024, o que faz do Brasil o 15º maior consumidor da bebida no mundo. O país é também o 18º maior produtor e movimentou, só em 2024, R$ 19 bilhões.
Com a cultura do vinho cada vez mais presente na vida dos brasileiros, muitas incorporadoras decidiram investir em projetos associados a vinícolas ou caprichar na elaboração de ambientes destinados à degustação da bebida.
Em Araçoiaba da Serra (SP), a pouco mais de cem quilômetros da capital paulista, a LN Urbanismo desenvolve o empreendimento Fazenda Vista Verde: um loteamento residencial com 160 terrenos a partir de dois mil metros quadrados cada, que terá vinhedo próprio, além de hotel de luxo e piscina de ondas para a prática de surfe.
“Decidimos aproveitar o clima da região e criar uma atmosfera de vinícola dentro do condomínio, em parceria com a Viña Vik, do Chile”, diz Adrian Estrada, CEO do Grupo Luan, dono da LN Urbanismo. O executivo explica que, em princípio, serão plantados entre três e quatro hectares de uvas do tipo Syrah.
“Devemos plantar outras variedades para testar o ‘terroir’. Todo o manejo será feito pela equipe da vinícola Vik”, afirma Estrada. Eventos de degustação já vêm sendo realizados no espaço de experiências construído na propriedade. O lançamento oficial da Fazenda Vista Verde — cujo investimento total é de cerca de R$ 350 milhões — está previsto para setembro próximo. No final do mesmo mês, será promovida no local uma festa que representará uma colheita simbólica da uva. A vindima será organizada pela Viña Vik.
“É um ritual que celebra o ‘terroir’, o tempo e a dedicação de todos que fazem parte da Vik. A vindima é a expressão dessa conexão: uma experiência em que arte, vinho, música e natureza se encontram. Trazer essa celebração para o Brasil representa um novo capítulo na nossa história, mantendo a essência que nos inspira desde o início”, afirma Cristián Vallejo, enólogo-chefe da Vik.
A Vinícola Maturano, em Teresópolis, na Região Serrana do Rio, apostou na lógica inversa: deu início ao empreendimento com a vinícola, fundada em 2022, e que já conta com 29 hectares plantados — a meta é chegar a 50, com três “terroirs” diferentes. O condomínio que integra o projeto, com 206 terrenos entre 450 e 1,2 mil metros quadrados para a construção de casas, será lançado em setembro deste ano e terá área de lazer de 14 mil metros quadrados.
A propriedade conta com 116 mil videiras de seis tipos de uva diferentes: Cabernet Franc, Malbec, Syrah, Merlot, Chardonnay e Sauvignon Blanc, além de outras variedades em teste. A meta para 2025 é produzir de 80 mil a 100 mil garrafas.
“Residenciais com vinícolas são uma tendência crescente no mundo e agora no Brasil. É um diferencial que une qualidade de vida, sofisticação e um estilo de viver próximo da natureza e da cultura do vinho”, conta Marcelo Maturano, sócio do projeto, que prevê ainda um hotel com 61 quartos, com lançamento previsto para 2028, restaurante e winebar que serão inaugurados em outubro, e heliporto para cinco aeronaves já pronto.
Produção própria
Na mesma linha, a tradicional Vinícola Villagio Grando, no município de Água Doce (SC), anunciou a criação de um condomínio de casas às margens do lago da propriedade e com vista para os vinhedos. O empreendimento deve ser lançado ainda neste semestre, em parceria com a LN Urbanismo e Ippes Urbanizadora. O investimento inicial é de R$ 50 milhões.
No total, serão 200 lotes de 800 a 3,4 mil metros quadrados. Entre as atrações, spa, academia, piscinas, quadras de tênis e um centro hípico. Os futuros proprietários poderão acessar as experiências existentes na vinícola, além de contar com parcelas exclusivas do vinhedo para a produção de vinhos próprios.
Comprovando a expansão da cultura do vinho pelo país — e seu efeito sobre o mercado imobiliário —, a pequena cidade baiana de Mucugê, na região da Chapada Diamantina, a 450 quilômetros de Salvador (BA), vive um boom de novos imóveis voltados ao segmento de segunda residência nos últimos anos.
O destino turístico tem atraído compradores não apenas por suas belezas naturais, mas também pela vinicultura em ascensão na região, com destaque para a Vinícola Uvva, de 2012. De seus vinhedos a 1,15 mil metros acima do nível do mar, têm saído excelentes vinhos de uvas como Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Petit Verdot e Merlot. Muitos deles, premiados em concursos internacionais.
O mesmo fenômeno acontece no interior de São Paulo, onde a Vinícola Guaspari atraiu os olhares de investidores da Faria Lima para a pequena Espírito Santo do Pinhal, devido à qualidade dos rótulos que produz. Desde a pandemia, o município vem recebendo novos investimentos imobiliários residenciais, comerciais e de novas vinícolas.
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